
O rendimento da caderneta de poupança fica praticamente empatado com a inflação e os poupadores quase não tiveram rendimentos em 2019.
Na prática, quem poupou por esse meio ganhou apenas 0,5% de rendimento no ano.
A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo, fechou o ano em 4,31%, acima da meta, que era de 4%, do Banco Central.
O número representa perda no poder de compra do salário dos trabalhadores e dos ativos financeiros, incluindo a poupança.
O professor de Economia Daniel Poit, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, destaca que a segurança ainda foi a principal vantagem da caderneta.
Daniel Poit reforça que a segurança também tem um preço.
Por outro lado, a poupança garante o recurso acessível.
O cálculo de rendimento de apenas 0,5% vale apenas para a chamada “nova poupança”, ou seja, para os depósitos feitos a partir de maio de 2012.
Desde essa data, toda vez que a taxa básica de juros, a Selic, fica abaixo de 8,5%, como agora, a poupança passa a render 70% da Selic, mais a Taxa Referencial.
Os depósitos feitos até abril de 2012, porém, continuam rendendo 0,5% ao mês mais a taxa.
É a chamada “velha poupança”. Nesse caso, houve ganho real de 1,78% em 2019.
O economista e professor José Pio Martins destaca a isenção de impostos da poupança como uma das garantias de rendimento mínimo.
Pio Martins ressalta que a alta na inflação foi superior ao esperado.
Ele afirma que os juros pagos aos investidores ou poupadores são considerados baixos, perto daqueles cobrados dos consumidores que tomam empréstimos.
O economista Daniel Poit recomenda alguns cuidados para os novos mecanismos que facilitam, por exemplo, compra de ações por aplicativos de celular e outras facilidades.
Ele reforça que as facilidades não se aplicam à economia, que sofre mudanças constantes e requer conhecimento específico.
O salário mínimo nacional fixado pelo governo federal para este ano não repõe a inflação do ano passado.
Como o mínimo do ano passado de R$ 998,00 reais aumentou em 4,1%, ficando neste ano em R$ 1.039, o ajuste para 2020 ficou abaixo do Índice Nacional de Preços ao Mercado, o INPC, de 2019.
O INPC de 4,4%, divulgado nesta sexta-feira, serve como base para correção do salário mínimo e é diferente do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, que mede a inflação oficial.
Com isso, se levada em conta a variação do INPC, o salário mínimo deveria ter chegado pelo menos a R$ 1042,70 em 2020.
(Edição: Narley Resende)